grindcore morto

Manifestações no dia 30/07 em $p: De alckmin a Amarildo


SOBRE INFESTAÇÕES E DEFESAS DO ORGANISMO


 Uma infestação biológica vai agindo e as defesas do organismo atacado agem contra esse avanço.
Fica a seu encargo: quem considera como infestação e quem considera como sendo as defesas do organismo - e até mesmo quem representa o organismo! - nessa representação dos eventos últimos de 30 de Julho (2013).

Uma manifestação em repúdio a geraldo alckmin. Não que em uma única manifestação se possa demonstrar todo o repúdio.
Não houve convocatórias de facebook, de twiter.
Nos últimos momentos das manifestações de junho, uma vaga de caras-pálidas de listinhas verde e amarelo nos rostos bradavam que haviam saído do facebook - sendo que o que testemunhamos em pessoa foi que nos últimos instantes das manifestações ali já tornadas em espécies de carnafacu passaram a levar o facebook pra rua, quer em seus celulares caros, quer em seus cartazes.
Que se confesse, para bem ou para mal, que isso de cartaz tem sido um porre. Me perdoe se isso te ofende, te contraria mas tornou-se quase idêntico a uma página inicial da já mencionada rede social.
Mas dessa vez, não houve o caráter pop de fins de Junho, não havia essa predominânia de cartazes no centro de $ão paulo.
Não sendo possível um cara-a-cara com alckmin, os alvos, claro, foram da parcela que ele representa e que a ele representam e se representam mutuamente MUITO BEM: as concessionárias de automóveis, agências bancárias e afins.
Nenhum alvo civil. Claro, há sempre a chance de algum incidente isolado, mas nem mesmo uma final pacífica de campeonato, nem mesmo a marcha pra jesus está isenta disso. Porém, não foi o alvo.

Foram cerca de vinte os detidos. "Moeda do Jogo", assim como também é moeda nesse jogo o terminal bancário em pedaços, pedrada em vidraça e policial em chamas (<3), só que a moeda de quem vai detido sempre sai bem mais custosa. Importantíssimo, quase vital nesse momento é que se gere informação desligada da grande mídia, um movimento contrário às suas defesas constantes de interesses próprios e específicos disfarçados de valores humanos (que quando muito não passam de valores morais que só servem ao que sempre serviram, nada de novo nessa chibatada).

Em um exemplo de verdadeira unidade - daí entenda como unidade nacional, entenda como unidade humana, entenda como quiser, mas entenda que é uma unidade que transcende a unidade da segurança contida nesses nossos monitores de computador, transcende essa unidade de movimentos rotineiros de escritórios e linhas de produção e secretarias - foi constantemente lembrado o caso de Amarildo Dias de Souza, 42 anos, o Pedreiro no rio de janeiro, pai de seis filhos, desaparecido após passar pelas mãos das unidades pacificadoras - assim, "simplesmente" "evaporado"!...

E já são tantas e tantos Amarildos... Em tantas bordas diferentes espalhadas país adentro...
Pois que soe difuso a alguém que se venha a mencionar um caso de desaparecimento do rj em $p. O que se fazia sabida e claramente nas noites da ditadura, ainda se faz nas noites de agora em que as larvas do intestino da ditadura sentam elas mesmas em cadeiras de comando.

Não sei se me é propício tentar sugerir algo, não sei mesmo, mas vamos lá, sugiro o que grita o consciente coletivo.
Até que sejam dadas respostas claras sobre Amarildo Dias de Souza e a respeito de cada "Amarildo" que houve e que está havendo nesse instante perdido frente a esse texto, que não sobre uma vidraça inteira, um terminal bancário em pé, que não haja um pm sem hematomas e queimaduras e que estejamos todos com nossas devidas fichas honradamente sujas - pese o que pesar.

Temos nessa tentativa de entender esse momento histórico dois estereótipos bem manjados .
Um é o homem, burguês, branco, heterossexual, cristão.
O outro é o pedreiro, pardo, da periferia.
E que desapareceu mediante contato com a polícia.

Um deles é infestação, invasão biológica e o outro é defesa do organismo.
E você aplica a figura de linguagem como achar propício.

O Tucano é o Abutre


QUATROCENTOS 
E VINTE E CINCO
M I L H Õ E S
de reais...

E isso, apenas no apurado até o momento...

Caso não seja o suficiente, ainda tem incêndios criminosos com destruição de documentos comprometedores e até hacker invadindo página contendo denúncia e apagando textos, tem. 

Além, claro, daquele porte mafioso quase cinematográfico que sempre soubemos...


"Ao analisar documentos da Siemens, empresa integrante do cartel que drenou recursos do Metrô e trens de São Paulo, o Cade e o MP concluíram que os cofres paulistas foram lesados em pelo menos R$ 425 milhões'"



[Link aqui para página da Isto É ]




E sobre o Leblon? Qual canção irão cantar agora?

UMA PESSOA ROUBADA NUNCA SE ENGANA
E com o bucho mais cheio comecei a pensar
Que eu me organizando posso desorganizar
Que eu me organizando posso desorganizar
Que eu me organizando posso desorganizar

[Xilografia por "Wackala" (Link!)]

Resenha de "Os Condenados da Terra"

"DE FATO, MESMO COM A DURAÇÃO CICLÓPICA (...)
ao seu fim dá vontade de ouvi-la novamente."
:) Esse é um dos momentos de realização para uma banda que grava um material de faixa única com duração de 33 minutos



Na página "The Book Zine" , resenha pelo muito querido Heder H., de nosso primeiro trabalho, "Os Condenados da Terra".




Link Aqui para a resenha!













Aproveitando o instante - e porquê não?  - para informar/relembrar que você consegue encontrar "Os Condenados..." em um monte de lugares diferentes e com o Filipe da Equivokke Recs. ou com a gente mesmo, pelo e-mail miranda.guto@gmail.com

você acharia o título dessa foto interessante...

"Quando matam um Sem Terra"

de Pedro Munhoz,
sobre o eterno momento do lamento amalgamado ao eterno momento da luta

1.
Quem contar traz à memória,
sabendo que a dor existe,
quando a morte ainda insiste,
em calar quem faz a História.
Pois quem morre não tem glória,
nem tampouco desespera,
é um valente na guerra,
tomba, em nome da vida.
Da intenção ninguém duvida,
quando matam um Sem Terra.
2.
Foi assim nesta jornada,
quando mataram mais um,
o companheiro ELTON BRUM,
não teve tempo pra nada.
Numa arma disparada,
o Estado é quem enterra
e uma vida se encerra,
em nome da covardia.
Toda a nossa rebeldia
quando matam um Sem Terra.
3.
É o desatino fardado,
armado até os dentes,
até esquecem que são gente,
quando estão do outro lado.
E vestidos de soldado,
todo o sonho dilacera,
violência prolifera
tiro certeiro, fatal.
Beiram o irracional,
quando matam um Sem Terra.
4.
Quem és tu, torturador,
que tanta dor desatas,
desanima e maltrata
o humilde plantador?
Para Vídeo de Declamação da poesia
e "Canção da Terra", Clique AQUI
Negas a classe, traidor,
do povo tudo se gera,
te esqueces deveras,
debaixo de um capacete.
Dá a ordem o Gabinete,
quando matam um Sem Terra.
5.
Em algum lugar da pampa,
ELTON deve de estar,
tranquilo no caminhar,
jeito humilde na estampa.
E algum céu se descampa,
coragem se retempera,
outras batalhas se espera,
dois projetos em disputa.
Não se desiste da luta,
quando matam um Sem Terra.


Barra do Ribeiro/RS - 27.08.09

Seis dias após o assassianto de Elton, 44 anos, pai de dois filhos, natural de Canguçu, durante o despejo da ocupação da Fazenda Southall em São Gabriel, Rio Grande do Sul. 
Morto no instante em que não havia confrontação, nem tensão alguma.
Com um tiro de calibre 12, pelas costas...
LINK para nota do MST, esclarecedora, de repúdio e denuncia, ainda no dia do trágico ocorrido.

Sobre a morte de Mc Daleste

 NO MASSACRE DE CLASSES
E A REVOLTA ANCESTRAL 

Um número enorme de pessoas, em sarcasmo, associou a morte de Daleste com os pedidos recentes por um país melhor, facebook se tornou um poço disso. Foram feitos de última hora jogos ironizando o assassinato, claro, carregados daquelas tosqueiras de imagens  ridicularizando gente de perfil periférico - dessas tipo pérolas de orkut, com pessoas tomando banho de refrigerante e posando para fotos na beirada de córregos de esgoto. A página de admiradores da rota, aplaudiu, desdenhou e divulgou, num esforço completamente bizarro, o acontecido. "Bizarro" pois ostentam o lema antigo de que "bandido bom é bandido morto", mas  a pessoa que fez isso, seja policial ou não, o fez totalmente fora da lei que a rota tanto diz defender, portanto se tornou em um "bandido"... Ora essas, então os admiradores da rota aplaudem e admiram também ao bandido? Mas não vamos nos deter em um detalhe tão infantil... 
[nota: a citada página foi curtida por 
duzentas... e  c i n q u  e  n  t   a... M... I... L ... pessoas...!]
Os quinze minutos de alarde reservados ao caso estão quase passando desse limite de tempo, talvez esperando a próxima tragédia, sempre rentável para a imprensa (anuladora) de massas, em jornalismo que ela mesma denomina como "policial".

É bem fato que Daleste compôs coisas agressivas com relação à polícia. Quanto a isso, os membros da banda representada nesta página tem a dizer o seguinte: Que ótimo!
Qualquer que se localize em uma periferia sabe, de ver na sua frente, que são poucas as pessoas que aprovam a ação policial. E dessas, nem todas aplaudem tão de pé como as redes record ou bandeirantes fazem parecer ao mostrar imagens de câmeras acompanhando a rotina de militares bonzinhos que pedem licença, dizem por favor e não estapeiam a cara de qualquer uma ou um que encontram na rua. De onde vem essa abordagem em que se incrimina a alguém por não aprovar, por alimentar ódio da ação policial - que é uma RESPOSTA!, e nada se cobra eficazmente da própria polícia - GERADORA dessa revolta?
Essa revolta toda poderia - deveria - ser entendida como algum tipo de sintoma, algo mais grave e mais profundo, apontando para problemas ancestrais. Mas não é nessa direção que olham os setores geradores de informação massificada - um dia esse posto foi da igreja, hoje o posto é da já citada mídia, e ambas sempre trabalhando em favor dos ricos de cada época. Esses setores ainda vendem a imagem heróica do pm cumpridor da lei e da ordem. E todo herói precisa de um panteão de vilões pra validar sua existência bem como fazer seus feitos se tornarem mais "evidentes através do contraste".
E a burguesia aplaude.
Em pé.

É com  esse mesmo olhar enevoado, que as classes dominantes sempre olharam para as periferias e óbvio que é assim que olham para um produto tão próprio da periferia, o advento do funk. E, trágico!, impelem o mesmo olhar nas camadas sociais de onde o funk é oriundo. Para essas camadas fica de lado a questão classista, a luta de classes, como se nunca nem mesmo tivesse havido uma, como se não estivesse acontecendo nesse exato momento... [outra nota: no momento, o que vai acontecendo é na verdade um massacre de classes, parecido com o massacre de focas por caçadores. E nessa analogia, não somos os caçadores...]
Esse momento triste a respeito de mais um assassinato de mc, fere mortalmente tanto o que se vive, se sente e se sabe das quebradas e do que se produz de comunicação e produção cultural nessas quebradas.

Não se trata (acho!) de "defender" o funk [mais uma nota:quem disse que isso é necessário? que alguém quer que se defenda o funk? Ainda mais eu, sem uma identidade profunda com o segmento??], mas nesse momento, é inevitável fazê-lo.
É inevitável defendê-lo porque está então inserido na luta de classes, e aqui, não há meios termos. Não há "neutros", a neutralidade é ponto dado às classes dominantes.
Alguém irá me dizer sobre machismo, violência, ostentação de posse e tudo o mais no funk, como já me disseram...
Pergunto: Será mesmo que o Punk, Hardcore, METAL, "rock" em geral, não sofrem desse mesmo mal...? E por abordar mais firmemente questões de construção social, não deveria ser dele feito a cobrança com a mesma força que se faz do funk, ou mais?
Creio que sim. Mas nosso olhar também enevoado, mente colonizada têm um tipo bem diferente de resposta ao que vem do famigerado cara-pálida... Não é desse mesmo modo que se olha "de fora" para o funk, porque se sabe bem de onde esse é oriundo, a cor da pele de quem o faz, a classe econômica...
Cobra-se do funk de ser, como já foi dito, machista, ostentador, violento...
Então entendamos isso: O funk não gera porra nenhuma dessas! As pessoas chegam nele "prontas". Ele é só uma arena em que tudo isso se dá, sejam ao menos gratos por nos ter mostrado além do que víamos normalmente. Se querem MESMO cobrar algo, será que não está a se cobrar no canto errado? O funk tem alguma obrigação de educar a alguém?
Quem tem? De quem se espera isso...?
[ainda mais uma nota: claro que é bem mais fácil arregaçar o povo da quebrada na paulada... "couro grosso", "acostumado"...]

As "comemorações"  da morte de Daleste se dão no meio desse massacre de sempre, com a periferia sendo pintada de vilã, sua revolta engasgada há tempos sendo mostrada como obra de maldade e de injustiça e seu desejo tão básico de se entreter, divertir tratado como desejo de gente que passou dos limites que lhes haviam sido concedidos...

[uma última nota: Quer você goste de ler  isso ou não, quando Daleste tombou no palco no sábado dia 06 de Julho, era um dos nossos que tombava...] 

Amaldiçoados Feito Um

CONCLUÍDAS
Nossas gravações da cover para o tributo brasileiro ao Napalm e posteriores lançamentos...
                         [Enfim, concluídas!]

Gravação de "Evolved as One" + "Curse", 01 Jun. MMXIII
[Demais agradecidos ao Emanuel Galvão pela paciência infinita e ao trabalho de Francisco Bueno ("Kiko"!) e "Kexo" nos trabalhos de gravação e masterização...]

O momento é propício também para adiantarmos que temos camisetas d'O Mito, a R$ 25,00 (fora o frete...), com uma arte tema de nossa parte na split  (ainda por vir) com Deaf Kids.
É obra da "Uniformes Negros T-Shirts" (Facebook da UxFx)

[Caso interesse, escrever para miranda.guto@gmail.com ]
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Orwell e o Nacionalismo


extraído da obra "Orwell Para Principiantes", 1986, (David Smith, Michael Mosher), uma interessante abordagem da visão de George Orwell acerca de um tema que tem tomado mentes brasileiras, internet adentro e ruas afora
“UMA DESCULPA PARA A AGRESSÃO”
Nacionalismo e Patriotismo

"(...) Em "Notas Sobre O Nacionalismo" (1945), Orwell traçou um mapa do "hábito louco de as pessoas se identificarem com as grandes unidades do poder" - nações, impérios, igrejas, etc.

Esse hábito é crucial. Nenhuma "grande unidade do poder" é poderosa sem súbditos entusiastas. Daí a importância de compreender os fanáticos. Para começar, Orwell examina "o hábito de classificar populações inteiras de milhões ou dezenas de milhões de indivíduos como "boas" ou "más". A pior conseqüência disso é o deixar de aceitar a responsabilidade moral das pessoas estranhas à nação "boa". Pode ser perfeitamente legítimo, admite Orwell, lutar acerbamente contra um inimigo colectivo; mas as pessoas não são inimigas por virtude de carácteres nacionais inerentes. Devemos resistir a um grupo explorador, mas é a exploração, e não o grupo, que está fundamentalmente em causa. Os nossos inimigos são humanos como nós.

O nacionalismo positivo - "O meu país, tenha razão ou não tenha" - é completado pelo nacionalismo negativo ("Os Russos são os culpados"). Em qualquer das fomas, o nacionalismo é uma desculpa para a agressão. O patriotismo em contraste, é defensivo. Onde o patriotismo assenta no amor a um grupo, o nacionalismo assenta no amor ao poder do grupo. Infectadas pelo nacionalismo, "as pessoas mais inteligentes parecem capazes de defender credos esquizofrénicos". Prescindem dos factos, fogem às questões, perfilham boatos falsos e aceitam a distorção da história." [p.168]

O R W E L L
IS WATCHING YOU