grindcore morto

Fim de atividades como banda...

O Mito da Caverna 
ESTÁ ENCERRANDO SUAS ATIVIDADES 
Não sabemos ao certo uma forma direta, sucinta e transparente de dizer isso. Não sabemos nem se pra muita gente é importante que venhamos e expliquemos.
É importante pra nós. 
Sentimos necessidade. 
Há quatro anos temos usado o veículo que é uma banda musical para dialogar com gente da nossa gente sobre temas pertinentes a todos nós. Foi por gente tão especial trazida por essa banda que estivemos em Ocupações, casas de espetáculo, em Santa Catarina, Curitiba, Brasília, Goiânia, centros, Periferias e Interior de SP; iríamos conhecer Belo Horizonte - o que seria uma migração à meca para alguns de nós!

Mas há um bom tempo que as notícias sobre estarmos vivos tem sido um tanto exageradas. Não é algo que se culpe a algum de nós. Nosso cotidiano, nossos afazeres foram ficando maiores e mais sólidos, exigindo mais de nossa atenção e força - e estarmos n'OMdC foi justamente um dos fatores que tornaram nossas vidas tão maiores e mais sólidas. E esse crescimento estrangulou justamente à própria banda.
Em nosso lançamento "Os Condenados da Terra" mencionamos sobre "...uma batida de coração num corpo morto-vivente...".
Chegamos num ponto de nenhuma pulsação num corpo vivo, saudável, forte. 
Com isso deixamos esclarecido que NÃO!, ainda não dissemos tudo que temos pra dizer. A esse tetraplégico que tenta e tenta se mover e cada vez mais se entrega na inana decidimos por desligar os aparelhos. 
Contudo, Existe a chance do corpo teimar. Havendo essa possibilidade, cá estaremos, insistindo em pulsar num corpo morto-vivente. 

Devemos agradecimentos, devemos respeito e nunca faltamos com a admiração pelo retorno que sempre tivemos. Karasu/Equivokke, cada banda, cada projeto, cada fanzine, todas as entrevistas, resenhas, cada amizade, Exhale The Sound... agradecemos demais.
Aliás, vale mencionar, temos ainda algumas cópias do "Condenados..." conosco e  também têm os bons companheiros na Karasu/Equivokke. 
Por fim, encerramos deixando o que seria mesmo algo a vir e mostrar a essas amigas e amigos todos, a sincronização de nossa versão de "Anticapital", do Assück, com o filme "Tempos Modernos" de Charlie Chaplin.

Não foi sucinto, mas foi transparente e foi direto. 
Um grande beijo.

Narayama: "Espera"

[ESPERA EM UMA TERRA IMUNDA...]
Não existem árvores o suficiente.
Nem que houvesse.
Não para o ar puro, nem mesmo para o suicídio.
Nada que sobra suporta o peso da experiência.
Nem que suportasse.


O que está posto no vídeo aí acima, está posto pela própria banda.

Talvez por sorte ou algum oposto do tipo, bem dentro do submundo - do conhecido por "underground", tão dentro dele que vai percebendo que já é uma espécie de aprazível zona de conforto, você tropeça em uma maçaneta. A maçaneta te faz perceber um alçapão.

Você associa um alçapão a algum lugar ainda mais embaixo, ainda mais obscuro. Mas tudo tão confortável por aqui, você até pensa em não abrir - por quê abrir, porras? Já tem de tudo aqui, tem um código-padrão...
Você abre esse alçapão.

Você descobre o Narayama.
Fim.

Memorias do Chumbo...

"NOVENTA MILHÕES EM AÇÃO
PRA FRENTE, BRASIL..."

Fleury, Ulstra, Seelig... nomes da então considerada "santíssima trindade" da tortura no brasil, juntamente com o caso de Didi, o Jogador que tornou-se em torturador em contraponto com a tentativa de ação "subversiva" do técnico da seleção brasileira de futebol, João Saldanha, nos pesados idos a década de 70 e todo o ufanismo patriótico atrelado à copa do mundo do México e sua transmissão ao vivo pela televisão...
O documentário da espn-br, "Memórias do Chumbo - O futebol no tempos do condor", relaciona a atividade política e o futebol nos dias da ditadura, um curioso - e importante! - nó para uma compreensão ainda mais aprofundada dessa recente "idade do chumbo", que completa cinquenta anos de tragédia e retrocesso.

Sobre Educação: Banda Constrito

"...UMA ESCOLA QUE SEJA 
UM ESPAÇO DE CONHECIMENTO
E NÃO UM ESPAÇO INSTITUCIONAL, 
DISCIPLINADOR E AUTORITÁRIO..."
"Espaço de Conhecimento"
Diminuir drasticamente a carga horária semanal nas escolas da rede pública do estado gera milhões de desempregados, além dos desdobramentos funestos à formação da cidadania dos alunos do estado de são paulo, a liberdade de criação e desenvolvimento

das escolas estaduais públicas vem sendo continuamente desrespeitada. Um cenário de desprestígio, de demérito para a formação nas áreas de ciências humanas.
Tal como o regime militar operou em décadas passadas, medidas impostas “de cima para baixo" somente anunciaram e realizaram um futuro melhor para poucos, implementando-se às custas de enormes prejuízos sociais, a eles (o governo estadual) importa estabelecer uma nova regulamentação do mercado de trabalho. Mediante uma desregulamentação de profissões, disciplinando as classes subalternas via elementos coercitivos geradores de um "mal mercado". Para dirigirem o processo de "atualização" do país aos ditames da globalização. É impensável a formação de indivíduo
adaptado ao mercado globalizado sem o concurso de uma sólida formação no campo das ciências humanas. 
Acreditamos numa escola que seja um espaço de conhecimento
e não um espaço institucional, disciplinador e autoritário...

Death Metal Angolano: Sobre o Documentário

"THE HARDER HARDCORE 
IS THE ANGOLAN HARDCORE"

Ou "A porradaria mais porrada é o som porrada angolano", isso numa tradução totalmente livre de qualquer compromisso. Também é bem legal se liberar nem que seja momentaneamente das linhas guias que a Europa traça na música extremada e dar atenção a essa inusitada cena de rock e metal.
Infelizmente, por ora aqui só em trailers e "documentários-sobre-o-documentário", o sufoco de quem sobrevive na carcaça da outrora pulsante cidade de Huambo, estraçalhada pelos 27 anos de guerra civil (1975 - 2002) e encontra no  inesperado estilo musical e cultural o respiradouro pra tocar a coisa toda da vida adiante.  Exemplos disso e peça principal aqui, estão Sonia e Wilker, os encarregados de um orfanato que abriga 50 crianças (O Okutiuka) e a organização do primeiro festival de rock e metal do país. Jeremy Xido (diretor)  acompanha essa organização. Daí o amalgama dos constantes relatos de entes perdidos nos bombardeios que também levaram a produção cultural local e a pilhagem gringa das riquezas naturais que não cessa nem no pós-morte.  E como é solto no próprio filme, "para um país que não estava habituado a ouvir barulho de música mas a ouvir barulho de tiros, [isso] é muito bom".
Ao longo das pesquisas, surgem alguns nomes da cena musical rock e metal angolana (Before Crush, Neblina,  Dor Fantasma...), que vai valer bem suas buscas net a dentro. 
Óbvio que assim que tivermos disponível e de um modo que não cause prejuízo à produção do doc, dispomos acesso ao vídeo na íntegra por aqui, ok? 


A reportagem CineTV sobre o doc (link):

O trailer oficial no vimeo (link):

e na Vice, uma entrevista bem legal com o diretor (link)

deathmetalangola.org

Democracia: Um pano solene sobre um cadáver antigo...

"O QUE DÓI É UMA FERIDA MORAL"
De mais um Silva que a estrela não brilha, o relato posterior a mais uma  intervenção policial, no ato contra a porcaria da copa, que ocorreu no dia 22/02/2014. Que se faz entender bem no link da página Spresso sp (Aqui)
Foto do cerco policial em 22/02, Mídia Ninja
O que dói, é uma ferida moral! Os hematomas não são nada perto da depressão pós ato que fica na gente, após vc parar pra pensar que um grupo de assassinos te encurrala e bate na sua cara e nada acontece com eles, já vc, é levado como se vc não valesse nada no mundo... como se vc fosse um numero apenas, e eles os mocinhos....mas não é por isso que fico triste, isso nunca foi novidade... o que me deixa triste é saber que nós fazemos parte de uma pequena parcela de pessoas que lutam pelo direito de todxs... carregando um peso imenso nas costas, para que muitxs ainda cheguem a te julgar... na sua familia, na sua quebrada, na sua vida. E vc vai pensando que talvez fosse melhor vc ser mais umx alienadx... viveria fingindo que esta tudo ok, assim como o estado manda. Essa vibe é a pior....ver xs companheirxs voltando pra casa triste, vc tenta erguer a cabeça, mas algo faz ela ir cedendo... mesmo que vc não queira se render ( e não vamos) eles fazem de um jeito com que vc desanime...a midia fascista tem total participação nessa merda toda, toda vez que olho para uma tv ligada, sinto vontade de atirar uma pedra. Mas td bem... a vida segue, e eu não perco as esperanças, mesmo que eu não veja as mudanças, esperança de um futuro revolucionário...
José Saramago:
"Em minha opinião, o que resta é, quase sempre, usado muito mais para armar de eficácia as mentiras que para defender as verdades. O que chamamos democracia começa a assemelhar-se tristemente ao pano solene que cobre a urna onde já está apodrecendo o cadáver. Reinventemos, pois, a democracia antes que seja demasiado tarde."

Uma profecia por Wilson das Neves...

"O POVO VIRÁ DE CORTIÇO, 
ALAGADO E FAVELA
mostrando a miséria sobre a passarela 
sem a fantasia que sai no jornal ..."

Na indicação do amigo Juninho Miguel, da crust punk Artigo DZ9, a profecia de Wilson das Neves

O dia em que o morro descer e não for carnaval 
ninguém vai ficar pra assistir o desfile final 
na entrada rajada de fogos pra quem nunca viu 
vai ser de escopeta, metralha, granada e fuzil.
É a guerra civil.. 

No dia em que o morro descer e não for carnaval 
não vai nem dar tempo de ter o ensaio geral 
e cada uma ala da escola será uma quadrilha 
a evolução já vai ser de guerrilha 
e a alegoria um tremendo arsenal 
o tema do enredo vai ser a cidade partida 
no dia em que o couro comer na avenida 
se o morro descer e não for carnaval 

O povo virá de cortiço, alagado e favela 
mostrando a miséria sobre a passarela 
sem a fantasia que sai no jornal 
vai ser uma única escola, uma só bateria 
quem vai ser jurado? Ninguém gostaria 
que desfile assim não vai ter nada igual 

Não tem órgão oficial, nem governo, nem Liga 
nem autoridade que compre essa briga 
ninguém sabe a força desse pessoal 
melhor é o Poder devolver à esse povo a alegria 
senão todo mundo vai sambar no dia 
em que o morro descer e não for carnaval...

Os ninguéns de Galeano e Drooker...




"As pulgas sonham em comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico de sorte chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chova ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.

Os ninguéns: os filhos de ninguém, os dono de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais
da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata."
-- Galeano
Ilustração ["Flaming Fist"] , por Eric Drooker