grindcore morto

Carandiru: O banquete de 92

"FLEURY, SUA GANGUE E UMA PISCINA DE SANGUE"

"Necessária e Legítima"... 
É assim que o ex-governador de São Paulo, Luiz Antônio Fleury Filho se refere à invasão e massacre dos 111 detentos do Complexo Penitenciário Carandiru há 20 anos, 2 de Outubro de 1992, provavelmente um dos maiores escândalos do gênero na história carcerária no mundo.
Véspera de Eleições e somente após a população ir às urnas é que apareceram os números oficiais de mortos...
Assimétrica, a "batalha" teve 111 baixas dum lado, ZERO do outro... 
Não houveram policiais mortos.Não houveram policiais nem mesmo feridos. Não houveram detentos com meros ferimentos... 
"o banquete de 92"
Não dá pra saber ao certo o que fazia Fleury no papel de testemunha de defesa no julgamento dos 26 policiais da Rota, responsabilizados pela morte de 15 das vítimas do 1º andar do complexo. Como homem à frente do Estado na época, seu lugar agora deveria ser no banco dos réus, juntamente com o então secretário de segurança pública Pedro Franco de Campos (e cairia bem se toda a cúpula do governo no período também estivesse aí)
" A responsabilidade política é minha. A responsabilidade criminal, caberá aos jurados."

E esses nem são todos os absurdos dessa história de horror - e sentimos com força que todos os seus absurdos não caberiam numa única e simplória página de blog...
A força policial chacina 111 pessoas (CENTO E ONZE PESSOAS!!!) que estavam trancadas em poder do estado (!) e sem posse de armas de fogo (!);
20 anos (VINTE ANOS!!!) para se começar a fase conclusiva de um julgamento do qual toda a comunidade internacional tem esperado respostas;
A única "cabeça que rola" foi do Coronel Ubiratan Guimarães-Força Executora, mas jamais a Única força responsável nisso,que após sua condenação de 632 anos, conseguiu a façanha de ser eleito deputado estadual (PTB) e ainda pra completar, com a numeração 14.111 ("Cento e Onze" que, aliás, passou a ser seu número cabalístico, sendo usado até em pequenos detalhes como o de seu cavalo de corrida...), nunca chegou a ser preso, sendo absolvido posteriormente...

Parte um de quatro partes do julgamento; 26 de 79 policiais, 156 anos de prisão cada.
Contudo, aguardarão em liberdade, até que se esgotem todas as chances de apelação...

A Anistia Internacional sente certo alívio com o resultado.

Caindo a culpa somente sobre a força policial da situação, a corda está arrebentando somente no ponto mais fraco. A tão galardoada hierarquia não foi desrespeitada ali, mas aqui está sendo ocultada, perdoada e protegida. 

A sociedade range os dentes no Banquete de 92...
Toda condenação (para pobres, pretos) é considerada pouca - indiferente ao fato de que não há políticas públicas que assegurem que TANTA gente entre em práticas criminosas e que não há lugar nesse depósito infernal que acomode a um número tão grande, de forma a recuperá-lo, ressocializá-lo. Nem é essa a intenção do sistema carcerário. Política pública destinada a pobres simplesmente não funciona. Não em seu favor.
A intenção desse sistema (que te cumprido bem sua meta) é causar sofrimento.

Que as elites brasileiras passem a ser condenadas pelos crimes que venham a cometer, que cumpram sentença. Só então, escutaremos o eco de muitas vozes mencionando como é degradante a condição carcerária, como não tem condições de ressocializar a ninguém. 

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