grindcore morto

Fim de atividades como banda...

O Mito da Caverna 
ESTÁ ENCERRANDO SUAS ATIVIDADES 
Não sabemos ao certo uma forma direta, sucinta e transparente de dizer isso. Não sabemos nem se pra muita gente é importante que venhamos e expliquemos.
É importante pra nós. 
Sentimos necessidade. 
Há quatro anos temos usado o veículo que é uma banda musical para dialogar com gente da nossa gente sobre temas pertinentes a todos nós. Foi por gente tão especial trazida por essa banda que estivemos em Ocupações, casas de espetáculo, em Santa Catarina, Curitiba, Brasília, Goiânia, centros, Periferias e Interior de SP; iríamos conhecer Belo Horizonte - o que seria uma migração à meca para alguns de nós!

Mas há um bom tempo que as notícias sobre estarmos vivos tem sido um tanto exageradas. Não é algo que se culpe a algum de nós. Nosso cotidiano, nossos afazeres foram ficando maiores e mais sólidos, exigindo mais de nossa atenção e força - e estarmos n'OMdC foi justamente um dos fatores que tornaram nossas vidas tão maiores e mais sólidas. E esse crescimento estrangulou justamente à própria banda.
Em nosso lançamento "Os Condenados da Terra" mencionamos sobre "...uma batida de coração num corpo morto-vivente...".
Chegamos num ponto de nenhuma pulsação num corpo vivo, saudável, forte. 
Com isso deixamos esclarecido que NÃO!, ainda não dissemos tudo que temos pra dizer. A esse tetraplégico que tenta e tenta se mover e cada vez mais se entrega na inana decidimos por desligar os aparelhos. 
Contudo, Existe a chance do corpo teimar. Havendo essa possibilidade, cá estaremos, insistindo em pulsar num corpo morto-vivente. 

Devemos agradecimentos, devemos respeito e nunca faltamos com a admiração pelo retorno que sempre tivemos. Karasu/Equivokke, cada banda, cada projeto, cada fanzine, todas as entrevistas, resenhas, cada amizade, Exhale The Sound... agradecemos demais.
Aliás, vale mencionar, temos ainda algumas cópias do "Condenados..." conosco e  também têm os bons companheiros na Karasu/Equivokke. 
Por fim, encerramos deixando o que seria mesmo algo a vir e mostrar a essas amigas e amigos todos, a sincronização de nossa versão de "Anticapital", do Assück, com o filme "Tempos Modernos" de Charlie Chaplin.

Não foi sucinto, mas foi transparente e foi direto. 
Um grande beijo.

Narayama: "Espera"

[ESPERA EM UMA TERRA IMUNDA...]
Não existem árvores o suficiente.
Nem que houvesse.
Não para o ar puro, nem mesmo para o suicídio.
Nada que sobra suporta o peso da experiência.
Nem que suportasse.


O que está posto no vídeo aí acima, está posto pela própria banda.

Talvez por sorte ou algum oposto do tipo, bem dentro do submundo - do conhecido por "underground", tão dentro dele que vai percebendo que já é uma espécie de aprazível zona de conforto, você tropeça em uma maçaneta. A maçaneta te faz perceber um alçapão.

Você associa um alçapão a algum lugar ainda mais embaixo, ainda mais obscuro. Mas tudo tão confortável por aqui, você até pensa em não abrir - por quê abrir, porras? Já tem de tudo aqui, tem um código-padrão...
Você abre esse alçapão.

Você descobre o Narayama.
Fim.

Memorias do Chumbo...

"NOVENTA MILHÕES EM AÇÃO
PRA FRENTE, BRASIL..."

Fleury, Ulstra, Seelig... nomes da então considerada "santíssima trindade" da tortura no brasil, juntamente com o caso de Didi, o Jogador que tornou-se em torturador em contraponto com a tentativa de ação "subversiva" do técnico da seleção brasileira de futebol, João Saldanha, nos pesados idos a década de 70 e todo o ufanismo patriótico atrelado à copa do mundo do México e sua transmissão ao vivo pela televisão...
O documentário da espn-br, "Memórias do Chumbo - O futebol no tempos do condor", relaciona a atividade política e o futebol nos dias da ditadura, um curioso - e importante! - nó para uma compreensão ainda mais aprofundada dessa recente "idade do chumbo", que completa cinquenta anos de tragédia e retrocesso.

Sobre Educação: Banda Constrito

"...UMA ESCOLA QUE SEJA 
UM ESPAÇO DE CONHECIMENTO
E NÃO UM ESPAÇO INSTITUCIONAL, 
DISCIPLINADOR E AUTORITÁRIO..."
"Espaço de Conhecimento"
Diminuir drasticamente a carga horária semanal nas escolas da rede pública do estado gera milhões de desempregados, além dos desdobramentos funestos à formação da cidadania dos alunos do estado de são paulo, a liberdade de criação e desenvolvimento

das escolas estaduais públicas vem sendo continuamente desrespeitada. Um cenário de desprestígio, de demérito para a formação nas áreas de ciências humanas.
Tal como o regime militar operou em décadas passadas, medidas impostas “de cima para baixo" somente anunciaram e realizaram um futuro melhor para poucos, implementando-se às custas de enormes prejuízos sociais, a eles (o governo estadual) importa estabelecer uma nova regulamentação do mercado de trabalho. Mediante uma desregulamentação de profissões, disciplinando as classes subalternas via elementos coercitivos geradores de um "mal mercado". Para dirigirem o processo de "atualização" do país aos ditames da globalização. É impensável a formação de indivíduo
adaptado ao mercado globalizado sem o concurso de uma sólida formação no campo das ciências humanas. 
Acreditamos numa escola que seja um espaço de conhecimento
e não um espaço institucional, disciplinador e autoritário...

Death Metal Angolano: Sobre o Documentário

"THE HARDER HARDCORE 
IS THE ANGOLAN HARDCORE"

Ou "A porradaria mais porrada é o som porrada angolano", isso numa tradução totalmente livre de qualquer compromisso. Também é bem legal se liberar nem que seja momentaneamente das linhas guias que a Europa traça na música extremada e dar atenção a essa inusitada cena de rock e metal.
Infelizmente, por ora aqui só em trailers e "documentários-sobre-o-documentário", o sufoco de quem sobrevive na carcaça da outrora pulsante cidade de Huambo, estraçalhada pelos 27 anos de guerra civil (1975 - 2002) e encontra no  inesperado estilo musical e cultural o respiradouro pra tocar a coisa toda da vida adiante.  Exemplos disso e peça principal aqui, estão Sonia e Wilker, os encarregados de um orfanato que abriga 50 crianças (O Okutiuka) e a organização do primeiro festival de rock e metal do país. Jeremy Xido (diretor)  acompanha essa organização. Daí o amalgama dos constantes relatos de entes perdidos nos bombardeios que também levaram a produção cultural local e a pilhagem gringa das riquezas naturais que não cessa nem no pós-morte.  E como é solto no próprio filme, "para um país que não estava habituado a ouvir barulho de música mas a ouvir barulho de tiros, [isso] é muito bom".
Ao longo das pesquisas, surgem alguns nomes da cena musical rock e metal angolana (Before Crush, Neblina,  Dor Fantasma...), que vai valer bem suas buscas net a dentro. 
Óbvio que assim que tivermos disponível e de um modo que não cause prejuízo à produção do doc, dispomos acesso ao vídeo na íntegra por aqui, ok? 


A reportagem CineTV sobre o doc (link):

O trailer oficial no vimeo (link):

e na Vice, uma entrevista bem legal com o diretor (link)

deathmetalangola.org

Democracia: Um pano solene sobre um cadáver antigo...

"O QUE DÓI É UMA FERIDA MORAL"
De mais um Silva que a estrela não brilha, o relato posterior a mais uma  intervenção policial, no ato contra a porcaria da copa, que ocorreu no dia 22/02/2014. Que se faz entender bem no link da página Spresso sp (Aqui)
Foto do cerco policial em 22/02, Mídia Ninja
O que dói, é uma ferida moral! Os hematomas não são nada perto da depressão pós ato que fica na gente, após vc parar pra pensar que um grupo de assassinos te encurrala e bate na sua cara e nada acontece com eles, já vc, é levado como se vc não valesse nada no mundo... como se vc fosse um numero apenas, e eles os mocinhos....mas não é por isso que fico triste, isso nunca foi novidade... o que me deixa triste é saber que nós fazemos parte de uma pequena parcela de pessoas que lutam pelo direito de todxs... carregando um peso imenso nas costas, para que muitxs ainda cheguem a te julgar... na sua familia, na sua quebrada, na sua vida. E vc vai pensando que talvez fosse melhor vc ser mais umx alienadx... viveria fingindo que esta tudo ok, assim como o estado manda. Essa vibe é a pior....ver xs companheirxs voltando pra casa triste, vc tenta erguer a cabeça, mas algo faz ela ir cedendo... mesmo que vc não queira se render ( e não vamos) eles fazem de um jeito com que vc desanime...a midia fascista tem total participação nessa merda toda, toda vez que olho para uma tv ligada, sinto vontade de atirar uma pedra. Mas td bem... a vida segue, e eu não perco as esperanças, mesmo que eu não veja as mudanças, esperança de um futuro revolucionário...
José Saramago:
"Em minha opinião, o que resta é, quase sempre, usado muito mais para armar de eficácia as mentiras que para defender as verdades. O que chamamos democracia começa a assemelhar-se tristemente ao pano solene que cobre a urna onde já está apodrecendo o cadáver. Reinventemos, pois, a democracia antes que seja demasiado tarde."

Uma profecia por Wilson das Neves...

"O POVO VIRÁ DE CORTIÇO, 
ALAGADO E FAVELA
mostrando a miséria sobre a passarela 
sem a fantasia que sai no jornal ..."

Na indicação do amigo Juninho Miguel, da crust punk Artigo DZ9, a profecia de Wilson das Neves

O dia em que o morro descer e não for carnaval 
ninguém vai ficar pra assistir o desfile final 
na entrada rajada de fogos pra quem nunca viu 
vai ser de escopeta, metralha, granada e fuzil.
É a guerra civil.. 

No dia em que o morro descer e não for carnaval 
não vai nem dar tempo de ter o ensaio geral 
e cada uma ala da escola será uma quadrilha 
a evolução já vai ser de guerrilha 
e a alegoria um tremendo arsenal 
o tema do enredo vai ser a cidade partida 
no dia em que o couro comer na avenida 
se o morro descer e não for carnaval 

O povo virá de cortiço, alagado e favela 
mostrando a miséria sobre a passarela 
sem a fantasia que sai no jornal 
vai ser uma única escola, uma só bateria 
quem vai ser jurado? Ninguém gostaria 
que desfile assim não vai ter nada igual 

Não tem órgão oficial, nem governo, nem Liga 
nem autoridade que compre essa briga 
ninguém sabe a força desse pessoal 
melhor é o Poder devolver à esse povo a alegria 
senão todo mundo vai sambar no dia 
em que o morro descer e não for carnaval...

Os ninguéns de Galeano e Drooker...




"As pulgas sonham em comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico de sorte chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chova ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.

Os ninguéns: os filhos de ninguém, os dono de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais
da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata."
-- Galeano
Ilustração ["Flaming Fist"] , por Eric Drooker

Napalm Death: Uma homenagem mais que merecida

Por ocasião do lançamento de "Siege of Grind: A Brazilian Tribute to Napalm Death", uma resenha bem legal na página Música e Cinema, por Ricardo Costa

[ E, puxa!, qualquer banda que recebesse o tipo de crítica que recebemos nessa resenha postaria um print disso! ]
[tem mais resenhas e entrevistas AQUI]

--- CASAS BAHIA e RACISMO ---

AINDA SOBRE O RACISMO TÃO ESTRUTURADO NO BRASIL, 
e pra que venha ao conhecimento de tantos quanto possível...

Marcos Felinto é um musicista de talento difícil de mensurar - dentre seus muitos projetos musicais , por exemplo, há o incrível NOALA. Também é um excelente fotógrafo e educador em ONG e mais um porrilhão de outras coisas. 
Contudo, Marcos não se alinha no "eixão": homem/branco/heterossexual/burguês/cristão.
Compartilhamos então, o relato dele sobre o difícil momento que lhe aconteceu e que certamente já pegou muitos por aqui (ou ocorridos semelhantes...).

Chega ser difícil de categorizar, a coisa toda vai sendo disparada por gente que praticamente está em nosso mesmo patamar, que já sofreu, sofre ou vai sofre a mesma agrura.
É disparada por eles, mas arquitetada por gente montada nas costas deles...

E o que acho MAIS FODA ainda é que tudo vai acabar recorrendo, tudo vai acabar novamente partindo DAS MESMAS PESSOAS, do mesmo modo, durante muito tempo ainda e sob as mesmas supostas desculpas...

Marcos soube bem interpelar ao cara, tem orientação e boa estrutura emocional, cultural, educacional, política... ainda bem que compartilhou isso inclusive! Para servir de referência aos demais e tudo o mais... mas dá até tristeza imaginar o quanto isso ocorre diariamente, constantemente...
É complicado saber o que fazer no instante em que percebe que está dentro da boca de um retrocesso, um monstro que deveria estar morto há tempos...



CASAS BAHIA - Dedicação total a você ???
Este texto relata uma situação de exposição racismo que ocorreu comigo há uma semana atrás em uma das lojas da rede Casas Bahia, aonde também está situada a ong para a qual presto serviços. Durante a semana trabalho em outro local, como educador, mas uma vez por semana vou ao escritório da ong prestas contas e realizar planejamento.
A ong esta situada no prédio das Casas Bahia, da Xavier de Toledo, centro de São Paulo e o acesso para a mesma, para a loja e para administrativo da loja se faz pelos mesmos elevadores.
Desde que entrei neste trabalho sou barrado por seguranças das Casas Bahia, que frequentemente pedem identificação e me fazem passar por um cadastramento em um balcão da loja, antes que meu acesso seja permitido. Seria muito tranquilo passar por este “fichamento” caso todas as pessoas que conheço e que trabalham comigo também passassem, bem como as que não conheço e nunca conhecerei.
Estranhando a situação passei a perguntar aos meus amigos de trabalho, que por acidente da natureza nasceram quase todos brancos, ou dentro dos padrões considerados brancos no Brasil, se este tipo de situação ocorre ou já ocorreu com eles, a resposta em uníssono é sempre “Não, nunca nos pediram nada, entramos sem problemas”.
Em certas ocasiões os seguranças alegaram, que era pelo fato de eu vestir bermudas, porém em outras vezes em que vestia calças também tive o acesso dificultado. Chegando ao escritório encontrava amigas com saias na altura de minhas bermudas, e homens também com bermudas. Nenhum deles foram onerados por suas escolhas vestais.
A história não é nada nova, e dessa vez apenas aconteceu comigo. Abaixo segue o dialogo que marca o pico dessa tensão, e a minha constatação sobre as orientações discriminatórias e racistas oferecidas aos seguranças da loja.
Dia 12/12/2013, quinta feira passada, fui trabalhar no escritório novamente e fui interpelado por um seguranças desconhecido, perguntou, quem eu era, o que eu fazia e aonde ia, quando era obvio que eu ia em algum lugar no prédio, resposta mais apurada do que essa não era necessária, no entanto não foi a que eu dei, minha educação não permite um retorno “quase grosseiro” como esse. Respondi tudo, e devolvi:
- Mas por qual motivo você me faz todas essas perguntas ?
Ele (Wanderley Glauer – Segurança das Casas Bahia) - É por que aqui entram muito mendigos !
Eu ( Marcos Felinto - educador de ong) - Então pareço um mendigo?
Assim que essa conversa se iniciou uma parceira de trabalho chega e fica parada ao meu lado esperando o elevador e observando as injurias do segurança:
Ele (Wanderley Glauer – Segurança das Casas Bahia) responde – uhmm!!!, é que também tem o seu cabelo, parece rastafári!!!
Eu ( Marcos Felinto - educador de ong) – esse é meu cabelo, ele é assim crespo e longo e sua atitude é racista e discriminatória, diz como se meus traços fossem motivo de alerta.
Ao ouvir a palavra “racismo” Wandeley Glauer (segurança das Casas Bahia) se surpreendeu e disse sem saber para que lado se esquivar:
Ele (Wanderley Glauer – Segurança das Casas Bahia) – Mas você está sem crachá.
Eu ( Marcos Felinto - educador de ong) respondi – e você perguntou pra essa moça (branca) do meu lado sobre o crachá dela, você sequer questionou aonde ela vai, ela senta ao meu lado no escritório e você não a conhece também, no entanto o acesso dela ao prédio é completamente LIVRE. Por que você não pediu o crachá dela desde que ela chegou aqui?
Ele (Wanderley Glauer – Segurança das Casas Bahia) – Eu sigo ORDENS!!!
Eu ( Marcos Felinto - educador de ong) - A ordem é parar pessoas com o meu perfil?
Desconcerto, e falta de palavras para verbalizar aquilo que foge do script de um funcionário padrão pouco questionador. Sua resposta foi simplesmente facial.
Ele (Wanderley Glauer – Segurança das Casas Bahia) – Você está de bermuda!
Eu ( Marcos Felinto - educador de ong) - Ela não me faz assemelhar com um mendigo. E esta moça ao meu lado veste uma saia menor do que minha bermuda.
Elevador chegou subimos. Fiz o que tinha que fazer no escritório, desci, atordoado com o esse padrão sistemático e racista de perseguição que recaiu sobre mim e fiz uma queixa escrita e protocolada no administrativo das CASAS BAHIA.
Deixei contato, e até agora nenhuma resposta ou retratação oficial foi data, nem pelas CASAS BAHIA, que está ciente do ocorrido, nem pela empresa privada contratada pelas CASAS BAHIA, que neste caso é corresponsável pela situação vexatória.
O desconforto continua e o racismo continua velado em uma das lojas mais populares e insuspeitas do Brasil.
No piso térreo me dirigi ao segurança que me ofendeu e perguntei seu nome: WANDERLEY GLAUER, apenas para que eu guardasse, o mesmo alegou estarmos lidando com um simples mal entendido. Seu superior chegou e repetiu a mesmo tipo de dissuasão. Não satisfeito foi ao andar no qual trabalho, após minha saída intimidou outros funcionários da ong, no intuito de saber meu nome. Sem pestanejar amigos de trabalho cederam sabendo de todo o ocorrido e seguros da recorrência no erro e discriminação da parte das CASAS BAHIA.
Lá negro pode gastar, mas não trabalhar, não como todos os demais não negros.

Sobre os garotos no shopping internacional de guarulhos

ou "SOBRE OS DIAS QUE SHOPPING AINDA NÃO ERA DECORADO COM SACO PARA CADÁVER"

Já se passaram dois dias, não é mais novidade e também não foi a primeira vez que a sobreposição Juventude Periférica x shopping centers deu a merda que se pode esperar desse tipo de menina dos olhos do capitalismo, lembremos dos incidentes no shopping vitória (link) e shopping Itaquera (link).

O evento mais recente foi dia 16 de dezembro, no Shopping Internacional de Guarulhos, em que via facebook cerca de 300 garotos se reuniram lá. Para terror de elites endinheiradas, como se pode comprovar na reportagem asquerosamente elitista da fAlha de $.paulo (link). 


Então, começou a acontecer. As pessoas (Sim, PESSOAS) que são empurradas para as margens (os "marginalizados"), as pessoas que erguem e carregam nas costas esses pequenos "paraísos" decidam retornar para lá. Levam consigo toda sua carga histórica estampada cicatrizada na face, levam todo vácuo cultural, educacional que foi imposto a eles. Quem sabe assim bastante burguês, bastante classe méRdia pode conferir sem muitas escoriações o resultado da estrutura social que eles tanto defendem? 



Agora sobra um papinho mastigado-cuspido-mastigado-outra-vez-cuspido-outra-vez, de rezende, de datena sobre vergonha na cara, falta do que fazer, moral... a mesma ladainha de sempre que escrotos conservadores soltam quando querem dar um ponto final rápido na compreensão - compreensão visando solução - de qualquer assunto.

Mas e se fossem 300, 500 jovens da vila madalena, alto de pinheiros, alphaville (-Massacrem alphaville!-)...? Se fossem eles tomando todos os cantos do shopping, rindo, com canções brincando acerca de maconha (E algo parece dizer, "acho que playboy também fuma maconha...")
Será que a comerciante da reportagem também juraria que viu alguns deles armados? (algo me diz que "nem fodendo..."!)
Será que teria deles sendo tirados de dentro do shopping conduzido para a delegacia, levando chave de braço? será que teria foto nessa porra dessa fAlha de $.paulo expondo a cara do menor de idade (se fosse ele filho de executivo)?

Na canção do Lumpen, 
"ouça os gritos a luta de classes não acabou" 

A fome de consumo material é uma arma de calibre alto, bem municiada, que vem sendo usada na cabeça dessa juventude, por essas oligarquias, nessa luta de classes aí mencionada pelo Lumpen...



Felizes de nós, que tivemos cada um algum tipo de formação e estruturação, cada um à sua maneira, pra podermos estar aqui discorrendo sobre o ocorrido e que mesmo se tivéssemos, não gastaríamos nunca mil reais em tênis ou esse tipo de coisa...

Mas o ser humano é gregário, quer mostrar virtudes, habilidades, capacidades em seu meio social. Se desde épocas nem-se-sabe-de-quando, vêm fazendo uma lavagem cerebral generalizada dizendo que o "top" é quem usa a marca tal, tem o calçado isso, a roupa aquilo, o celular uvwxyz-ponto-cinco, e se insiste sistematicamente na anulação da personalidade, do espírito coletivo, apoio mútuo, solidariedade em geral...

Fatalmente que é com essas cartas que essa garotada aí - VÍTIMA desse amontoado de coisas e NÃO CULPADA por ele - vai jogar. São essas as únicas cartas que têm.

O curioso dessa situação na matéria, é que tendo jogado com exatamente TODAS as cartas que lhes foram dadas pra jogar...ainda assim os meninos foram tirados de cena. Como se explica isso...? Sem maconha, sem roubo, sem armas, sem resistência à prisão, sem violências, trajando até as vestes típicas do lugar... Como se explica, se não for RACISMO? 
E triste, tem mais olhares voltados a uma arruaça QUE NÃO ACONTECEU, do que a uma situação de exclusão e discriminação, QUE ACONTECEU com suporte e aparato corporativo e estatal.



Não demora muito e gente feito a empresária - do ramo de caminhões de mudança que jurava ter visto jovens com revólveres e que acha que "Tem de proibir esse tipo de maloqueiro de entrar num lugar como este", - desejará ardentemente voltar aos dias em que esses grupos de jovens apenas se reuniam nos shoppings, cantado suas canções próprias, rindo e querendo se sentir parte do todo... dias em que shopping não era paisagem montada com dezenas de saco pra cadáver. Na profecia sempre pontual do Facção Central "Enquanto era pobre desfigurado no caixão preto, vale o ditado: no cu dos outros é refresco. Só que o vulcão explodiu, entrou em erupção, e a lava que escorreu foi derreter sua mansão..."






[ AUTO-CRÍTICA ]
Sobretudo com quem se identifique com cultura punk hardcore, anarquismo, metal, socialismo e lutas anticapitalistas em geral, vou dividir um pensamento que me invadiu na perturbação da noite que antecedeu a construção desse texto e durante a própria construção dele...
Carregando o discurso impregnado do que mais enfrentamos, que é o da ostentação, com as marcas e todos os totens que louvam de jeito fanático ao capitalismo, arrastando cargas culturais odiosas feito machismo, esses meninos tem causado MAIS TRANSTORNOS aos setores capitalistas, ao estatal, ao privado... do que toda a cultura underground tem feito em décadas...

Tributo Brasileiro à Morte por Napalm...




"...evoluídos feito um..."
"...MALDITOS FEITO UM..."
Enfim, em nossa página de bandcamp a versão da faixa de abertura do álbum "From Enslavement to Obliteration", para a coletânea de tributo ao grande Napalm Death. Também segue nos parenteses uma aplicação que julgamos pertinente, com dados recentes (e perturbadores, claro...) da FAO sobre a produção e distribuição de comida ao redor do mundo, e que compõem um corpo maior de letra para uma versão estendida (mais de 17 minutos) que pretendemos utilizar em algum lançamento conjunto futuro... 


Eis a letra, com tradução e seguida dos dados...


"YOUR PRIDE... 
 WHY SHOULD YOUR PRIDE BE SO RESTRICTED? 
“esse seu orgulho ... 
  por que esse seu orgulho deveria ser assim tão restrito...? 

(O “Tacão de Ferro”: A ditadura mundial oligárquica, do capital financeiro globalizado, violentamente goela abaixo dos desnutridos do hemisfério sul.) 

RESTRICTED TO A MERE FRACTION OF THIS EARTH. 
restrito a uma mera fração desta terra...? 

(Não há controle para o Tacão. 52,8% do Produto Interno Bruto MUNDIAL nos tentáculos das 500 maiores corporações transcontinentais - as multinacionais. 
Nenhum papa, imperador, rei ou deus já foi tão poderoso...) 

THIS EARTH FROM WHICH WE HAVE ALL EVOLVED?
THIS EARTH WHERE ALL OF IT'S PEOPLE ARE DOWNTRODDEN?
esta terra do qual evoluímos todos...? 
esta terra em que todos são oprimidos...? 

(Ordem socioeconômica canibal. Massacre Sistemático, não um problema "natural". 
A humanidade perde 1% de sua população a cada ano... dessas, 18 milhões e 200 mil pessoas se vão por causa da fome ou de suas consequências diretas 

A cada cinco segundos uma criança é "assassinada de fome"; cinquenta e sete mil pessoas morrem por dia; das sete bilhões de pessoas, um bilhão sofre de subnutrição grave permanente com mutilações. 

Kwashiorkor...! 
Noma...! 
AIDS...! 

Pela primeira vez em todo o presente milênio produzem-se alimentos em escala suficiente para alimentação abundante de todos, contudo, apesar de todas as revoluções na indústria, tecnologia, eletrônica... ainda perde-se todo esse alimento sem o haver distribuído, 25% da perda somente no Hemisfério Sul.) 

DOWNTRODDEN BY ALL THOSE WHO STAND 
TO PROSPER FROM EXPLOITATION. 
oprimidos por aqueles que têm 
prosperado da exploração...? 

(No atual estágio de desenvolvimento, a agricultura mundial alimentaria facilmente a doze bilhões de pessoas, com duas mil e duzentas calorias por adulto ao dia. 

Governo estadunidense, OMC, FMI, exigindo o pagamento de dívidas externas de países dentre os 50 mais pobres do mundo, que não têm nem 4% de seus campos irrigados. Banco Mundial, por sua vez, faz o repasse dessas terras às multinacionais... 

Pisando nesses cadáveres para subirem a patamares de maior liberalização do capital, áreas de livre comércio expandidas, privatização de serviços fundamentais.) 

DOWNTRODDEN BY THOSE WHOSE SLIME INFESTS YOUR WEAK MINDS. 
oprimidos por aqueles cujo lodo infesta suas mentes adoecidas... 

(Dez grupos do tacão de ferro em 2012, produzem, armazenam, transportam, distribuem 85% de todos os alimentos do mercado mundial... 
Quem come e vive ou passa fome e morre nas mãos de monstros feito a 
Bunge, Nestlé... (A norte americana) Archer Daniels Midland(em 2008, no Brasil: onze autos de infração por água imunda a seus trabalhadores,por alojamentos inadequados, falta de equipamentos, transporte inseguro e armazenamento inadequado de agrotóxicos 
A norte americana Archer Daniels Midland, 2009, no Brasil: 184 trabalhadores escravos em condições degradantes...), Dreyfus Brothers... Cargill com 31,2% de todo o trigo comercializado no mundo em suas mãos e monopólio supremo na indústria da carne 

Somente na região do Brasil, treze milhões de pessoas, passando fome, com os 10% mais ricos ganhando 50 vezes mais que os 10% mais pobres; 43,3% da riqueza nacional em poder dos 20% mais ricos. Os 20% mais pobres se viram para sobreviver com 2,9% dessa riqueza.) 

--YOUR WEAK MINDS... 
-- suas mentes adoecidas...”

(Um sétimo da população mundial - 1 bilhão e 200 milhões de pessoas, "vivem" com U$1,25 por dia, apartadas de chances reais de adquirir alimentos de base, barradas na muralha dos preços que aumentaram 37% em 2011 e 2012... 

Ferramentas eficazes a curto e longo prazo, a reforma agrária e a promoção de programas como economia de subsistência, hectares de terra direto ao pequeno produtor para trabalho e investimento direto e contínuo de agricultura familiar, abandonados em masmorras burocráticas estatais e privadas.
No lugar, imperam os produtos diretos e óbvios da agricultura industrial: 
desemprego, êxodo rural e improdutividade. 
Seu reinado: 
depressão, loucura, egoísmo, destruição do próximo, tudo devido à fome calculada e organizada. 

Ordem socioeconômica canibal... 
Massacre Sistemático, 
não "natural"... ). 

"Por que o senhor atirou em mim"? Quem vai responder a pergunta do Douglas?

Minimamente falando, as ações de depredação recentes bra$il adentro assumem um caráter "pedagógico". Provado está que "um governo teme seu povo..." (do blablablá hollywoodiano) quando esse povo se faz ver. Provado também que não é necessário ser "black bloc" para se fazer perceber dessa forma e ainda que, dentro dessa constantemente convulsiva organização social, essas ações deixam os recados de que não suportamos mais e  também aos poucos surge algo como "não se metam mais conosco...". 
Mas segue a republicação do texto no blog de Negro Belchior em Carta capital, antes que discutamos sobre esses tristes incidentes do último dia 28/10/13... 

Jovem de 17 anos é assassinado por Policial Militar, na Zona Norte de São Paulo

“Cê viu ontem? Os tiro ouvi de monte! Então, diz que tem uma pá de sangue no campão.

‘Ih, mano toda mão é sempre a mesma ideia junto: treta, tiro, sangue, aí, muda de assunto (…)”

Por Douglas Belchior

Douglas Rodrigues podia ser meu aluno. Cursava o terceiro ano do ensino médio e trabalhava em uma lanchonete. Tinha só 17 anos. Nesta segunda (28), passava com o irmão de 13 anos em frente a um bar quando foi abordado por policiais, quando sofreu um disparo certeiro no peito. “Por que o senhor atirou em mim?”, teria perguntado ao PM, segundo a mãe, Rossana de Souza. Douglas foi levado a um hospital da região, mas não resistiu.
Os agentes averiguavam uma suposta denúncia de “perturbação de sossego”, segundo o Boletim de Ocorrência, por conta do som de um carro que tocava funk. “Ele deu o tiro dentro do carro. Não falou nada, não teve nem reação”, disse uma testemunha. Já o policial afirmou que o tiro foi acidental. Ele foi autuado em flagrante por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
A equipe da Coordenação de Juventude, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos da cidade de São Paulo está em contato com a família e informou que oferecerá todo o apoio e orientação.
  
Quem vai responder a pergunta do Douglas?
Ele perguntou ao estado, ao poder, aos governantes: Por que atirou em mim? Estavam na Vila Medeiros para garantir o “sossego” da comunidade. O que isso tem a ver com tiros, truculência e terror? O tiro foi acidental? De novo? E no peito? Travestidos como acidentes, o fato é que a violência e a morte tem uma estranha predileção etária, étnica, social e geográfica: as vitimas são sempre jovens, negros ou pobres e moradores de periferias.
Queria mudar de assunto, como sugere o verso do Racionais, relembrada acima. Mas a realidade não deixa! Uma das principais reivindicações dos movimentos populares hoje no Brasil é justamente a desmilitarização das polícias e a consequente extinção da PM. Está provado que, em nome do Estado e dos interesses privados que o dirige, a PM existe para reprimir e matar negros e pobres.
Políticas públicas, por mais bem intencionadas que possam parecer – como é o caso do Juventude Viva, não darão conta do problema da violência urbana se não tocarem a dimensão da política militar genocida vigente. Como já descrevi num outro momento, O assassino não pergunta ao pretinho se é assistido pelo bolsa família; se está matriculado no curso técnico; se frequenta o projeto social da Ong do bairro; se foi cabo eleitoral do deputado eleito pelo distrito; se está inscrito para a prova do Enem; ou se já marcou a entrevista no balcão de empregos da central sindical.”  Exatamente como aconteceu com Douglas, o assassino cumpre, fardado ou a paisana, sua tarefa: ele mata! E depois faz uso dos instrumentos legais da carnificina, característicos da hipocrisia democrática que vivemos e alega resistência ou ação culposa, sempre “sem a intenção de matar”.
Aliás, esse é o argumento jurídico do Estado Brasileiro para negar o genocídio de sua juventude: “Não há a intenção”, apesar dos fatos. Mas o que importa ao morto ou a família do morto se houve ou não a intenção de matar? O que importa a intenção, se os velórios e a dor são irreversíveis?
Transfiro a pergunta de Douglas para vocês, Governador Alckmin e Presidenta Dilma, que preferiram o conforto do Palácio dos Bandeirantes a participação no lançamento do Plano Juventude Viva no último dia 25, no Campo Limpo, quando poderiam ouvir de nós as angustias e talvez – a partir de uma ação concreta, caro governador, evitar mais um assassinato.
Por que o policial atirou? Por que sempre atiram? A tropa obedece, o comando treina, a direção ordena e os chefes de estado se responsabilizam. Então respondam Alckmin e Dilma, porque Douglas foi assassinado? E até quando outros serão? E vocês, que se solidarizaram à PM imediatamente após a agressão sofrida pelo Coronel Rossi, o que tem a dizer agora?

Chega de hipocrisia. A PM mata negros e pobres todos os dias!
(Participe da Audiência Pública Sobre o Genocídio da Juventude Negra em SP)

Banksy + Hellshock

 " NENHUM AMANHECER PORVIR" 
Banksy? "Se a vida te dá manchas de óleo... FAÇA MOLOTOVS! "
Sem um amanhecer a vista
E esse céu escuro
Faz um mau para nossos olhos...
Você imagina se verá
O sol pela manhã mais alguma vez...?

Um calafrio percorre meus ossos
Não sei explicar essa sensação...
Se esse é o inverno de seu desgosto
Então temo de verdade pelo dia...

Bem sabe, tanto quanto eu,
porquê não consegue descansar...
Será que vai entender
que não há uma amanhecer porvir ...?

Penso comigo se alguém sabe
quantas sentenças de morte proferimos...
Uma fixação mórbida em nossas vidas:
Só valoriza o que tem, quando o perde...

Bem sabe, tanto quanto eu,
porquê não consegue descansar...
Será que vai entender
que não há uma amanhecer porvir ...?

Sinta sua jovialidade começando a se desfazer
E o planeta apodrece junto...
Faça o que tiver para fazer
e diga o que o que tiver para dizer...

Mas não se atreva a pôr a culpa em mais ninguém



Sobre senador Suplicy, Blocos Negros e Carta\Manifesto contra o militarismo

Muito mais punk do que o filho (e essa observação boba precisava mesmo ser feita) o senador Eduardo Suplicy esteve num foco de polêmica na quinta feira do dia 17, junto do tucano paulista de plantão Aloysio Nunes, ao fazer a leitura de uma carta a respeito da questão militar, escrita por um integrante dos Blocos Negros (confira). Obviamente você deve ter suas opiniões acerca do ocorrido, acerca  do senador em questão, acerca da coisa toda dos black bloc - assim como carregamos as nossas. Opiniões são muito bem-vindas, e também o é a opinião expressa na carta que já vem ganhando visibilidade na net e que reproduzimos a seguir.
"A violência militar e a defesa do patrimônio especulativo em detrimento dos direitos civis está consolidado na República Federativa Brasileira desde a sua proclamação. República essa que não surgiu do clamor popular, tampouco teve participação do povo na sua construção, mas que se deu através de um Golpe Militar no dia 15 de novembro de 1889.
O autoritarismo presente hoje na relação entre a Polícia Militar e a população, nos remete a uma pergunta: "Porque a segurança pública no Brasil ainda é militarizada?" - Simplesmente porque há uma guerra interna e histórica da "nação" contra seu próprio povo.
Fomos o último país a abolir a escravidão, e para coibir a emancipação dos povos escravizados, foi necessária a criação de uma polícia autoritária e violenta que até hoje continua a usar a força contra qualquer esboço de resistência.
A segurança pública não deve ser uma extensão das Forças Armadas, servindo a reboque da contraditória Lei de Segurança Nacional. Decidimos pelo fim dessa República Militar, onde as autoridades, seja em períodos ditatoriais como à luz da Democracia, sentencia uma ideologia fascista, onde o povo trabalhador é colocado como AMEAÇA à soberania nacional, justificando todo abuso de poder, tantas torturas em delegacias, o massacre de negros e pobres nas periferias, um sistema carcerário desumano, aonde a exclusão social é acentuada ainda mais, o genocídio étnico de centenas de tribos nativas, o desaparecimento de civis inocentes e etc.
É em memoria a essa realidade hedionda, de todas as chacinas do passado, como a dos Tupinambás, dos Tamoios, dos Palmares, de Canudos, dos Sem-Terra das ligas campesinas, dos dois mil Waimiri Atoari's desaparecidos na Amazônia durante o regime Militar de 64, da Chacina da Lapa, do Carandiru, da Candelária, de Corumbiara e Eldorado dos Carajás, da Chacina de 2006 em Nova Iguaçu, por todxs assassinadxs pela PM paulista também em 2006 e mais recentemente, pelas mortes de centenas de jovens, na sua maioria negros e sem nenhum envolvimento com o crime organizado, assassinados por milícias militares no estado de São Paulo.
Em reposta a tanta violência, a sociedade civil, a juventude, os trabalhadores indignados por trás de um capuz negro, reagem de uma forma NÃO essencialmente violenta, pois não sequestram, não torturam e nem matam, como é a prática extra-oficial das milícias militares. Esses mascarados estão apenas se defendendo de uma polícia que carrega em seu cerne o autoritarismo assassino do Regime Militar, e que não conseguiram assimilar os direitos conquistados pela Democracia vigente.
Exigimos o fim da Polícia Militar e sua mentalidade fascista que condecora quem mata pobre e coloca uma estrela em seu brasão a cada massacre feito em levantes populares. Não suportamos mais tantos tapas na cara, tantas coturnadas em porta de barracos, estupros como forma de intimidação, como ocorrido da reintegração de posse da comunidade de Pinheirinho.
Exigimos justiça, e que os torturadores de ontem e de hoje sejam punidos pelos crimes cometidos contra a humanidade."