grindcore morto

Sobre senador Suplicy, Blocos Negros e Carta\Manifesto contra o militarismo

Muito mais punk do que o filho (e essa observação boba precisava mesmo ser feita) o senador Eduardo Suplicy esteve num foco de polêmica na quinta feira do dia 17, junto do tucano paulista de plantão Aloysio Nunes, ao fazer a leitura de uma carta a respeito da questão militar, escrita por um integrante dos Blocos Negros (confira). Obviamente você deve ter suas opiniões acerca do ocorrido, acerca  do senador em questão, acerca da coisa toda dos black bloc - assim como carregamos as nossas. Opiniões são muito bem-vindas, e também o é a opinião expressa na carta que já vem ganhando visibilidade na net e que reproduzimos a seguir.
"A violência militar e a defesa do patrimônio especulativo em detrimento dos direitos civis está consolidado na República Federativa Brasileira desde a sua proclamação. República essa que não surgiu do clamor popular, tampouco teve participação do povo na sua construção, mas que se deu através de um Golpe Militar no dia 15 de novembro de 1889.
O autoritarismo presente hoje na relação entre a Polícia Militar e a população, nos remete a uma pergunta: "Porque a segurança pública no Brasil ainda é militarizada?" - Simplesmente porque há uma guerra interna e histórica da "nação" contra seu próprio povo.
Fomos o último país a abolir a escravidão, e para coibir a emancipação dos povos escravizados, foi necessária a criação de uma polícia autoritária e violenta que até hoje continua a usar a força contra qualquer esboço de resistência.
A segurança pública não deve ser uma extensão das Forças Armadas, servindo a reboque da contraditória Lei de Segurança Nacional. Decidimos pelo fim dessa República Militar, onde as autoridades, seja em períodos ditatoriais como à luz da Democracia, sentencia uma ideologia fascista, onde o povo trabalhador é colocado como AMEAÇA à soberania nacional, justificando todo abuso de poder, tantas torturas em delegacias, o massacre de negros e pobres nas periferias, um sistema carcerário desumano, aonde a exclusão social é acentuada ainda mais, o genocídio étnico de centenas de tribos nativas, o desaparecimento de civis inocentes e etc.
É em memoria a essa realidade hedionda, de todas as chacinas do passado, como a dos Tupinambás, dos Tamoios, dos Palmares, de Canudos, dos Sem-Terra das ligas campesinas, dos dois mil Waimiri Atoari's desaparecidos na Amazônia durante o regime Militar de 64, da Chacina da Lapa, do Carandiru, da Candelária, de Corumbiara e Eldorado dos Carajás, da Chacina de 2006 em Nova Iguaçu, por todxs assassinadxs pela PM paulista também em 2006 e mais recentemente, pelas mortes de centenas de jovens, na sua maioria negros e sem nenhum envolvimento com o crime organizado, assassinados por milícias militares no estado de São Paulo.
Em reposta a tanta violência, a sociedade civil, a juventude, os trabalhadores indignados por trás de um capuz negro, reagem de uma forma NÃO essencialmente violenta, pois não sequestram, não torturam e nem matam, como é a prática extra-oficial das milícias militares. Esses mascarados estão apenas se defendendo de uma polícia que carrega em seu cerne o autoritarismo assassino do Regime Militar, e que não conseguiram assimilar os direitos conquistados pela Democracia vigente.
Exigimos o fim da Polícia Militar e sua mentalidade fascista que condecora quem mata pobre e coloca uma estrela em seu brasão a cada massacre feito em levantes populares. Não suportamos mais tantos tapas na cara, tantas coturnadas em porta de barracos, estupros como forma de intimidação, como ocorrido da reintegração de posse da comunidade de Pinheirinho.
Exigimos justiça, e que os torturadores de ontem e de hoje sejam punidos pelos crimes cometidos contra a humanidade."

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